Das lembranças todas da minha vida, acho que a melhor delas é a da copa da casa da minha avó... Gostava de chegar na casa dela e sentir aquele friozinho gostoso, uma sensação difícil de descrever...
Lembro da casa às vezes vazia, o relógio que hoje está na sala da casa da minha mãe, era o fundo musical daquela casa...
Em qualquer lugar da casa, se ouvia o barulho do relógio, o eco que fazia na copa. teto muito alto.... E o relógio lá, na parede, marcando a cadência do tempo... Talvez ele tivesse sido testemunha de tudo o que aconteceu naquela casa...
No quarto dos fundos, lá em cima, tinha uma janela grande, dessas de veneziana... De manhãzinha a luz que passava por ela faziam desenhos engraçados que eu imaginava formas e movimentos...
Essa janela dava para os fundos da casa... no quintal...
A casa de trás, vizinha, era a casa dos passarinhos. A gente deu esse nome por que o dono da casa tinha um viveiro enorme, maior que o mundo, cheio de passarinhos, de todas as cores e de todos os cantos...
Naquelas tardes, eu ficava sozinho na casa da minha avó, adorava ficar deitado na cama dela, olhando a janela aberta, a cortina de voal balançando, balançando... Os passarinhos me faziam companhia e o relógio.. ah, o relógio... pontuava cada segundo da minha vida...
Era como se ele quisesse me contar o futuro, que um dia, ele não ia estar mais lá.
Nem eu.
4 comentários:
Posts muito emocionantes e deliciosos de ler. Eu aprendi a ler com Monteiro Lobato, minha mãe pegava emprestados na biblioteca pública e nós, quatro irmãos, íamos lendo e passando pros outros, nunca vou me esquecer.
Amo Monteiro Lobato e vou sempre a Taubaté, num hotel fazenda, e aproveito pra visitar o Sítio do Picapau Amarelo que tem lá.
E você contando fatos da sua vida com seus avós é uma delícia.
beijão
helga, obrigado. as memórias de infância são as que me dão mais prazer. talvez pelo fato de cada vez mais essas coisas tão simples e tão significativas, sejam hoje tão sem importância pro coração das pessoas e estão relevadas a uma categoria de "bobagem". é uma pena. e sempre que eu puder, vou colocando no blog outras passagens. se a minha memória me permitir, claro!
beijos.
b.
Ah, faça isso sim, Beto, pq no fim das contas, o que nos sobra são as lembranças das pessoas que amamos.
E você conta tudo de uma maneira tão doce, tão poética, que eu fico lendo e querendo que o post nunca se acabe.
E volto sempre, esperando que tenha mais.
Beijão
Ai, esqueci de mandar beijinhos na barriga da Gata, eu sou fã de carteirinha da Gata!!!
Então, favor dar muitos beijinhos na barriguinha da gata por minha conta.
bj
Postar um comentário