quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Minha Terra Tem Palmeiras, Onde Cantavam os Sabiás



Apesar de ter sido um dia bacana, com a nova habilitação do 767, infelizmente vi uma cena que poderia classificar de a mais triste desses ultimos dois anos. Quem era comissario da varig vai entender por que.

Quando fomos demitidos em 2006, uma das promessas feitas durante o leilão que vendeu parte da empresa, era de que seriamos reintegrados aos poucos na nova empresa que ia se formar a partir do leião.
E fazendo parte do processo de demissão, tinhamos que levar nossas malas e uniformes, e pra isso, eles pediram que colocassemos os nossos nomes nas malas por que na hora da reintegraçao, iriamos lá busca-las, junto com uniformes etc. Mesmo nao acreditando 100% nisso, assim foi feito e entregamos tudo.

Ontem, enquanto esperava a condução pra ir até o avião, lá na pista do Galeão, olhei para onde era a nossa antiga sala de descanso e reserva, embaixo do nosso antigo DO e um amigo chamou a atençao para o que tinha dentro da sala, e que pudemos ver atravez dos vidros sujos e empoeirados: eram as nossas malas, uniformes, quepes, blaizers, gravatas...
Tudo aberto, jogado, amassado, exposto.... malas arrombadas, com os nossos nomes...
Evidentemente, tudo isso é passado, são coisas materiais que não nos pertence mais.
Porem, simbolicamente, aquilo tudo significou todo o descaso e tudo aquilo que o trabalhador realmente é, para esse governo corrupto e imoral: não somos nada.
Todas os nossos sonhos, as nossas esperanças, o nosso futuro, as nossas vidas estavam simbolicamente alí, representada por aquele monte de camisas e gravatas e blaizers, quepes... tudo amassado, largado, sujo. esquecido.

Como disse minha amiga Anna Dias, postando na minha foto no flickr:

"Lembra da foto que coloquei no meu flick? ...Pois é...tanta criança estudando em escola que não tem cadeira, papel....tanta gente sofrendo em Santa Catarina...e se ver essas imagens!!! Dá ódio!
Sem falar nessa morte nojenta que planejaram para a Varig...aí eu choro! Que pais é esse? Que gente é essa? To em tons pastéis... "

Que gente é essa?

(em tempo, ainda tem muita gente desempregada, os velhinhos aposentados do AERUS estao passando fome, sem dinheiro pros remedios, pros médicos, plano de saude, comida... O que será que a companheira Dilma tem a dizer sobre isso ? Até quando ? )

Emfim o 767.



Ontem fui no Galeão pra fazer a ultima fase da minha habilitação do B767. A primeira fase é o ground school, onde a ANAC estabelece que para o comissario habilitar um determinado equipamento (avião, no caso) tenha X horas de ground school e depois, 0 que seria a segunda fase, uma prática dentro do avião a ser habilitado, junto com um funcionário da empresa, credenciado pela ANAC - os INSPACs. Ou seja, mostrar que a gente sabe abrir e fechar as portas do avião e a localizaçao dos equipamentos de segurança que estao a bordo.

Muito bem. Pra isso, tive que ir ao Galeão, onde os B767 da TAM estão parados, aguardando o vôo da noite para Miami e Nova York.

E quando se fala em Galeão, obviamente falo em INFRAERO também.
E a INFRAERO fez o possivel e o impossivel pra dificultar o nosso acesso na pista do Galeão. Cheguei lá as 9 da manha e só conseguimos entrar no avião por volta de 13 horas.
Eram tantas as burocracias, tanto credenciamento, tanta foto...

Acho que estavam querendo mostrar serviço.

Então, acho que em fevereiro começo uma nova fase na empresa, voltando aos voos internacionais.
Assim espero.

Sobre as fotos ai de cima: eu, marcia e fernando, chegando no aviao, já dentro do aeroporto, depois de quase 5 horas de espera. viva a infraero.
a segunda foto, meus amigos da varig, já dentro do 767, depois do check com o instrutor. revivendo momentos maravilhosos da nossa antiga aviação.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

My favorite things.

Oscar Hammerstein II and Richard Rodgers
Raindrops on roses and whiskers on kittens;
Bright copper kettles and warm woolen mittens;
Brown paper packages tied up with strings;
These are a few of my favorite things.

Cream-colored ponies and crisp apple strudels;
Doorbells and sleigh bells and schnitzel with noodles;
Wild geese that fly with the moon on their wings;
These are a few of my favorite things.

Girls in white dresses with blue satin sashes;
Snowflakes that stay on my nose and eyelashes;
Silver-white winters that melt into springs;
These are a few of my favorite things.

When the dog bites,
When the bee stings,
When I'm feeling sad,
I simply remember my favorite things,
And then I don't feel so bad.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Fritz nos deixou.

Ontem, domingo, o Fritz nos deixou por volta das 19 horas, tranquilo e dormindo.

domingo, 7 de dezembro de 2008

Fritz.


Fritz.
Meu gato-vaquinha.
Ele apareceu na oficina do Julinho, quando eu morava no Leblon, a muito tempo atras. Mais de 20 anos com certeza. Ele era miudinho, igual a Gata. Só que vaquinha.
Era só orelha, daí o primeiro nome dele foi Morceguinho. Foi a Tati quem deu esse nome.
E Fritz foi adotado como membro da familia por que tinha que ser. Era um gato especial, como todos os gatos que aparecem na vida da gente. Simpático mas nem tanto, como todos os gatos.
Na verdade ele nao era muito sociavel, era na dele.

Crescendo e aparecendo.
E Fritz cresceu junto com a gente, cresceu junto com o Gustavo, o Guilherme, a Isabela, o Alexandre... e foi envelhecendo junto com todos nós... e testemunhando todas as mudanças das nossas vidas. Sempre na dele. E morou no Leblon, depois se mudou pra Barra, foi vizinho da Lenora, invadia o apartamento da vizinha, passando pela varanda... e dormia na cristaleira da sala dela.
Depois ele se mudou pro Santa Monica, junto com todos nós. Foi o pai da Isadora, viu ela crescer e colocou suas marcas de dono do apê, como todo gato mais velho e claro, ele chegou primeiro, era o dono do pedaço. Viu o Igor chegar e crescer... foi seu companheiro e amigo.
Dormia na minha mala de vôo, descansava no fax... comeu caviar, salmão defumado... e adotou minha mãe como segunda dona.

Um passeio por Saint Tropez
Um dia, ele caiu da janela e foi parar direto no estacionamento do prédio. Escolheu o primeiro carro que ele viu e entrou dentro do motor. O carro, que nao era do prédio, nao demorou a sair e levar o Fritz pra um passeio inusitado: ele andou pela barra da tijuca inteira, e foi parar no condominio St Tropez, perto do Downtown. A historia de como descobri ele lá, um dia eu conto.
E ele ficou por lá por uma semana, mais ou menos.
Foi encontrado e levado de volta pra casa, Santa Monica. Tomou um banho de chuveiro, descansou e comeu. Se recuperou logo pra outras quedas que vieram a seguir.

Fiel sim.
Quando minha mãe teve uma parada cardio-respiratória em casa, ele percebeu a gravidade e não saiu de perto dela por nenhum minuto.
Enquanto os médicos faziam procedimentos, ele vigiava atento, do travesseiro, proximo a cabeça da minha mãe. Ele nao entendia o que faziam com ela, e claro, devia estar preocupado por que aquele movimento todo nao era normal na rotina dele.
Acho que nesse momento, ele adotou minha mãe. E não desgrudava mais dela, por que eu nao tava mais morando lá.
E havia uma cumplicidade, claro. Minha mãe entendia todo e qualquer miado. Sabia quando era comida, agua ou pra trocar o jornal. Tomava sol, caçava passarinhos de longe. E tomava conta da minha mãe.

Envelhecendo
Como todo mundo, envelhecer nao é uma tarefa fácil. Principalmente quando se é gato. Acho que o gato nao percebe que esta envelhecendo.
Existem tarefas fáceis de fazer, mas que ficam complicadas quando se perde mobilidade e agilidade. E isso começou acontecer logo, ele nao conseguia mais passar pela varanda e caía lá em baixo (era segundo andar) com muita frequencia. Tanto que minha mãe mandou colocar uma tela pra ele nao passar mais. E nao cair mais.
Subir na pia, beber agua... ficou dificil tambem e as vezes uma ajudazinha era necessaria.
Até que ele caiu pela ultima vez. E quando minha mãe se recuperava de uma cirurgia do fêmur. Resultado: uma fratura na bacia, tirou ele de circuito pra sempre. Fim de uma era de passeios e quedas. E ficou de repouso por muito tempo e nunca mais andou como antes.

Ele está nos deixando
E ele começou a ficar mais quieto, menos participativo... nao dava mais bola pros cachorros, só queria ficar deitado na poltrona e começou a se despedir da gente daquele jeito... quieto e silencioso.
Faz alguns dias que a despedida ficou mais evidente.
Mais frágil, magro pele-e-osso, nao come mais e bebe agua ou leite com muita dificuldade.
Fica deitado, quietinho na poltrona de sempre. Respira insistente, acho que nao sente dores.
Companheiro da minha mãe, ele está nos deixando.

Eu sei que tem céu de gato e de cachorro. E com certeza deve ser muito divertido lá.
Não sei se eles voltam.
O importante é que ficou com a gente esses anos todos, deu muita alegria, foi meu companheiro, companheiro da minha mãe, participou das nossas vidas.
Vou ficar com saudade de voce, Fritz.
Não vou esquecer de voce nunca.