
Chuva
Na sala de visitas, tinha uma janela engraçada, que na realidade eram três, em arco.... Era de ferro e vidro, como num vitral.
E como tinha uma grade do lado de fora, era delicioso sentar naquela janela, ficar apoiado na grade e ficar olhando as pessoas passando pra lá e pra cá.
Eu era bem pequeno e como morava num apartamento em Copacabana, essas experiências eram únicas pra mim.
Um dia, começou a chover forte, chuva de verão.Daquelas com vento, trovão e relâmpagos.
Eu corri pra tal janela e fiquei ali sentadinho, olhando aquela chuva toda, aqueles pingos grossos, que batiam com força nas plantas do jardim.
E ficava encantado com a água que caia do telhado, parecia que tinha uma torneirinha aberta lá em cima....
De repente, me deu uma vontade de participar dessa chuva toda, fazer parte mesmo, com tudo o que eu tinha direito...
E sai da janela e fui lá pro quintal....
Bem na frente do portão, na beirada da calçada, a água descia com tanta força, parecia uma cachoeira...
Meu primo que era pequeno também veio me acompanhar nessa aventura na chuva.
Minha mãe e minha avó olhavam pela janela do quarto lá em cima e viam a gente naquela brincadeira com a água da chuva.
Eu abria a mão e colocava o rosto pra cima, pra sentir aquelas gotas de chuva na minha cara.... Como eu precisava disso...
Elas achavam que eu tava brincando.
Sai da chuva, menino.. vai pegar um resfriado ! minha mãe gritou...
Não posso.... a chuva não deixa !
Eu falava sério. Elas riam, achavam que eu tava fazendo graça pra elas...
Não consigo mais pegar chuva sem colocar meu rosto pra cima.
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