
Fritz.
Meu gato-vaquinha.
Ele apareceu na oficina do Julinho, quando eu morava no Leblon, a muito tempo atras. Mais de 20 anos com certeza. Ele era miudinho, igual a Gata. Só que vaquinha.
Era só orelha, daí o primeiro nome dele foi Morceguinho. Foi a Tati quem deu esse nome.
E Fritz foi adotado como membro da familia por que tinha que ser. Era um gato especial, como todos os gatos que aparecem na vida da gente. Simpático mas nem tanto, como todos os gatos.
Na verdade ele nao era muito sociavel, era na dele.
Crescendo e aparecendo.
E Fritz cresceu junto com a gente, cresceu junto com o Gustavo, o Guilherme, a Isabela, o Alexandre... e foi envelhecendo junto com todos nós... e testemunhando todas as mudanças das nossas vidas. Sempre na dele. E morou no Leblon, depois se mudou pra Barra, foi vizinho da Lenora, invadia o apartamento da vizinha, passando pela varanda... e dormia na cristaleira da sala dela.
Depois ele se mudou pro Santa Monica, junto com todos nós. Foi o pai da Isadora, viu ela crescer e colocou suas marcas de dono do apê, como todo gato mais velho e claro, ele chegou primeiro, era o dono do pedaço. Viu o Igor chegar e crescer... foi seu companheiro e amigo.
Dormia na minha mala de vôo, descansava no fax... comeu caviar, salmão defumado... e adotou minha mãe como segunda dona.
Um passeio por Saint Tropez
Um dia, ele caiu da janela e foi parar direto no estacionamento do prédio. Escolheu o primeiro carro que ele viu e entrou dentro do motor. O carro, que nao era do prédio, nao demorou a sair e levar o Fritz pra um passeio inusitado: ele andou pela barra da tijuca inteira, e foi parar no condominio St Tropez, perto do Downtown. A historia de como descobri ele lá, um dia eu conto.
E ele ficou por lá por uma semana, mais ou menos.
Foi encontrado e levado de volta pra casa, Santa Monica. Tomou um banho de chuveiro, descansou e comeu. Se recuperou logo pra outras quedas que vieram a seguir.
Fiel sim.
Quando minha mãe teve uma parada cardio-respiratória em casa, ele percebeu a gravidade e não saiu de perto dela por nenhum minuto.
Enquanto os médicos faziam procedimentos, ele vigiava atento, do travesseiro, proximo a cabeça da minha mãe. Ele nao entendia o que faziam com ela, e claro, devia estar preocupado por que aquele movimento todo nao era normal na rotina dele.
Acho que nesse momento, ele adotou minha mãe. E não desgrudava mais dela, por que eu nao tava mais morando lá.
E havia uma cumplicidade, claro. Minha mãe entendia todo e qualquer miado. Sabia quando era comida, agua ou pra trocar o jornal. Tomava sol, caçava passarinhos de longe. E tomava conta da minha mãe.
Envelhecendo
Como todo mundo, envelhecer nao é uma tarefa fácil. Principalmente quando se é gato. Acho que o gato nao percebe que esta envelhecendo.
Existem tarefas fáceis de fazer, mas que ficam complicadas quando se perde mobilidade e agilidade. E isso começou acontecer logo, ele nao conseguia mais passar pela varanda e caía lá em baixo (era segundo andar) com muita frequencia. Tanto que minha mãe mandou colocar uma tela pra ele nao passar mais. E nao cair mais.
Subir na pia, beber agua... ficou dificil tambem e as vezes uma ajudazinha era necessaria.
Até que ele caiu pela ultima vez. E quando minha mãe se recuperava de uma cirurgia do fêmur. Resultado: uma fratura na bacia, tirou ele de circuito pra sempre. Fim de uma era de passeios e quedas. E ficou de repouso por muito tempo e nunca mais andou como antes.
Ele está nos deixando
E ele começou a ficar mais quieto, menos participativo... nao dava mais bola pros cachorros, só queria ficar deitado na poltrona e começou a se despedir da gente daquele jeito... quieto e silencioso.
Faz alguns dias que a despedida ficou mais evidente.
Mais frágil, magro pele-e-osso, nao come mais e bebe agua ou leite com muita dificuldade.
Fica deitado, quietinho na poltrona de sempre. Respira insistente, acho que nao sente dores.
Companheiro da minha mãe, ele está nos deixando.
Eu sei que tem céu de gato e de cachorro. E com certeza deve ser muito divertido lá.
Não sei se eles voltam.
O importante é que ficou com a gente esses anos todos, deu muita alegria, foi meu companheiro, companheiro da minha mãe, participou das nossas vidas.
Vou ficar com saudade de voce, Fritz.
Não vou esquecer de voce nunca.
5 comentários:
Adorei esse post, que homenagem bacana ao Fritz. Sei pelo que vc está passando, em outubro passado nossa gatinha se foi, depois de ficar um tempo como o Fritz, magrinha e quietinha.
Hoje que está se despedindo é o Zyg, o cachorrão, que está com o coração fraquinho. Dói demais dizer adeus aos nossos companheiros.
Bjs
Claudia
Beto, que São Francisco de Assis leve o Fritz muito suavemente para o céu dos gatinhos, onde ele será eternamente feliz.
Que vocês que o amam tanto fiquem bem, sentindo saudades do amigão que se foi, guardando as boas lembranças que ele certamente vai deixar
beijão
Beto,
Cheguei aqui por causa da Fal... Achei lindo seu texto, e fiquei aqui pensando quando chegar a vez das minhas meninas como vai ser(Tenho duas a Celeste Marie de quase 2 anos e a Amelie Charlotte recem chegada)
A gente nunca espera por isso, mas tem que um dia encarar né...Afffeeee
Desejo tudo de bom por aí viu... Beijos em vc e no Fritz que vai pro céu bem bonitinho!!!
Carol
ai, nao sei se to conseguindo postar.. é que tenho 2 identidades.. la vai nova tentativa.. Lê "anjo de 4 patas", do Walcyr Carrasco.. Vc vai adorar, eu sei!
Beto,
vc. descreveu exatamente o que está acontecendo aqui, com a Pepê.
como vc, já enterrei muitos gatos, chorei, morri junto com cada um deles e entendo o que vc. sente.
tem que existir um céu pra eles, pq se não, nosso coração será um calo só.
beijo
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